Nesta página pode ter acesso a uma série de artigos sobre hipnose da minha autoria.
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O QUE É ISSO DA HIPNOSE?
Revista Sphere-International Lifestyle – Nº 05/2008
Se um jovem me perguntasse: “O que é isso da hipnose?” penso que teria uma certa facilidade em responder. O meu dia a dia é passado entre jovens e adolescentes – os meus filhos e sobrinhos – pelo que estou bastante habituada a explicar o que faço e de que forma utilizo esta técnica para ajudar as pessoas em geral.
A hipnose é um estado da mente, no qual entramos de uma forma natural. Quando estamos a ver televisão, tão concentrados que quando nos chamam nem sequer ouvimos; ou quando estamos a ler um livro completamente embrenhados na história que nem damos conta do que se passa à nossa volta; ou ainda quando guiamos o nosso automóvel por uma estrada conhecida, totalmente absorvidos em pensamentos, de tal forma que chegamos ao nosso destino sem nos lembrarmos do percurso feito. Estes são estados de hipnose acordada, todos caracterizados por um estado de atenção tão concentrada em qualquer coisa que estamos a fazer, ler ou pensar, que nos dissociamos da realidade exterior. Há quem diga que uma pessoa assim está “na lua”. A verdade é que neste estado as pessoas ficam mais sugestionáveis, mais disponíveis e mais receptivas. Desta forma, e depois de muitas décadas (ou mesmo séculos) de estudos científicos, foi verificado que este estado de hipnose podia ser utilizado terapeuticamente, ajudando as pessoas a alcançarem mudanças nas suas vidas. Chama-se a isto Hipnoterapia. A intervenção da hipnoterapia pode ser feita em várias áreas, todas relacionadas com a ansiedade: Ansiedade de desempenho – apresentar um trabalho na aula ou fazer um exame oral; Fobias – um medo irracional de cães, aranhas, de andar de avião, ou de agulhas; Dificuldades de concentração no estudo, de organização e gestão do tempo; Problemas de auto estima e de auto confiança; Gestão da ansiedade e do stress; Dificuldades nos relacionamentos com os Pais, os colegas, os Professores. Mas a parte mais importante deste pequeno artigo é de explicar como e porque é que esta técnica é tão eficaz. Quando se induz terapeuticamente este estado de hipnose, a pessoa fica muito calma, muito relaxada, de tal forma que pode parecer estar a dormir. Mas a verdade é que está bem desperta. A mente está vigilante e atenta. O hipnoterapeuta vai sempre falando com o sujeito hipnotizado que, estando bem receptivo, vai aceitar as suas directivas e as suas sugestões. É importante esclarecer que a pessoa está sempre em controlo de tudo o que se passa. Só diz o que quer, só faz o que quer e só aceita as sugestões que fazem sentido para a sua vida. Penso que é importante explicar que, para se conseguir levar uma pessoa a este estado há que, primeiramente, estabelecer uma relação de confiança com o sujeito. No fundo há que explicar claramente o que é a hipnose (exactamente o que estou a fazer aqui), esclarecer todas as dúvidas, desmistificar este tema, e depois levar a pessoa a aumentar a sua curiosidade e entusiasmo sobre os resultados desta terapia. Somente desta forma o terreno estará bem preparado para receber as sugestões pretendidas.
E que sugestões são estas? Uma pessoa vem ver um hipnoterapeuta porque tem uma dificuldade, um problema que quer ultrapassar. O objectivo da terapia é então clarificado, e as sugestões são dadas no sentido desse objectivo. Parece um processo simples, e verdadeiramente até é. No entanto há que ter muito cuidado no acto de dar as sugestões. Ao pretender ajudar podemos estar a criar um problema maior. A hipnoterapia deve ser feita por terapeutas certificados por escolas credíveis. Apesar de simples é uma técnica terapêutica que envolve uma grande responsabilização por parte de quem a opera. Também quero mencionar outra vertente da hipnose (talvez a mais importante), que é a auto hipnose. Se este estado pode ser induzido e conduzido por outro (o hipnoterapeuta) também pode ser conduzido por nós próprios. Há quem diga que toda a hipnose é auto hipnose. Através da auto indução deste estado de calma, relaxamento e concentração, como que nos “desligamos” do mundo à nossa volta, das nossas vidas e preocupações, para nos permitirmos pensar em coisas boas, positivas e entusiastas. No fundo é como se pudéssemos produzir dentro de nós um filme positivo da nossa vida, sentando-nos tranquilamente a vê-lo. Relaxar é bom. Tranquilizar a mente é bom. Dizermos a nós próprios:”vai tudo correr bem” é bom. Temos essa capacidade, e deveríamos fazê-lo diariamente, para nos preparamos positivamente para o dia que chega. E se estivermos confiantes e positivos, temos mais probabilidades de transformarmos o nosso dia num dia positivo.
Vai tudo correr bem!
Rosário Vilardebó
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DEPRESSÃO OU TRISTEZA PROFUNDA?
Revista Flor de Lótus, edição de Setembro 2008
Na minha prática terapêutica, observo que muitos são os pacientes a dizer que estão com uma depressão, ou que já tiveram uma depressão ou que estão com um ‘princípio’ de depressão. Lembro-me de um médico amigo, já falecido, que se arrepiava com esta forma de doença – “Um princípio de…”. Segundo ele, ou bem que a doença é, ou não é. Não há princípios de doença. Mas voltemos à depressão. Afinal temos este planeta todo deprimido? A depressão é diagnosticada “a torto e a direito”. O que mais se houve é “eu tenho uma depressão”. E há algumas pessoas a quem é diagnosticada uma “depressão crónica”. Ou seja, é para sempre!
É claro que o estado de depressão existe, e longe de mim tirar-lhe a gravidade que tem. Uma depressão profunda exige tempo, esforço e muita ajuda do exterior – técnicos de saúde e família – para se ultrapassar. No entanto, acredito que a maior parte das alegadas depressões não são mais do que situações de esgotamento em que as pessoas entram. Cansaço físico, desgaste emocional e psicológico – não dormem o suficiente, não se alimentam o suficiente, e vivem em stress a maior parte do seu tempo. A competitividade que existe no mercado de trabalho leva as pessoas a cometerem verdadeiros “atentados” à sua existência. Trabalham “horas a fio” – muitas vezes sem tempo para comerem tranquilamente – carregados de pressão, de assuntos que têm que estar prontos ontem, de colegas que estão preparados para lhes pregar uma rasteira para receberem benesses do chefe. (Uma selva!) Depois chegam a casa e nem sempre têm o ambiente amoroso e acolhedor de um lar. Afinal o cônjuge vive no mesmo mundo e está exposto aos mesmos problemas. Não há energia para cozinhar. Vão buscar uns frangos e umas coca colas, comem à frente da TV para descomprimir e pouco falam. Chega o cansaço, adormecem no sofá e depois arrastam-se para a cama. Sei que estou a ser um pouco melodramática, pois nem toda a gente é assim e ainda pugna por ter alguma qualidade de vida. Mas também sei que não me estou a afastar muito da realidade. A pergunta que me vem à mente é:
Assim quem é que aguenta?
Mas também me pergunto como é que vamos fazer para sair desta corrente tão forte e frenética que nos puxa para longe de nós próprios? Quando aprendi a nadar, o meu Pai ensinou-me a nunca nadar contra a corrente. Apanhar boleia da corrente para me ir chegando à margem. Mesmo que fosse parar longe do local desejado, pelo menos estava na margem certa. Depois era só andar um bocado para chegar onde queria.
Estratégia! Precisamos de estratégia para nos safarmos airosamente. Senhoras e senhores ‘deprimidos’: Tenham esperança! Afinal nem tudo está perdido.
Recursos: Para já, poupem as vossas forças, que isto de nadar contra a corrente esgota-nos: Tomem vitaminas, minerais e outras coisas mais; procurem a Natureza, exponham-se ao sol, ao mar, ao verde dos bosques. Andem a pé e respirem fundo, muito fundo. Oxigénio nessas células!
Objectivo: A seguir respondam a esta pergunta sem pensar muito: “Se tivesse uma varinha de condão o que mudaria na sua vida?”
Estratégia: Depois pensem o que é que vos impede de realizar o objectivo (sim, esse sonho maluco de vender tudo e partir) e de qual será a melhor forma de o atingir tentando usar algum bom senso para não deixar muitos estilhaços para trás.
Aqui entra a ajuda exterior, de um terapeuta, de um amigo. Por vezes o choque da morte de um amigo actua paradoxalmente como uma motivação para sairmos desta “gelatina pegajosa” em que vivemos. Acreditar que não acabou! Acreditar que somos mais fortes do que a corrente, unicamente porque somos mais espertos e inteligentes do que a própria corrente.
É possível sair da dita “depressão”. Acreditem!
Rosário Vilardebó
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HIPNOTERAPIA-UM CONTRIBUTO PARA A SAÚDE E O BEM ESTAR
Revista Aspectos – Câmara de Comércio e Indústria Luso Francesa – Nº 141 Maio 2009
Hipnoterapia quer dizer “terapia feita sob hipnose”. E afinal o que é a hipnose? É um estado de consciência alterado em que a nossa mente entra, várias vezes ao dia. Quando a nossa atenção está tão focada num livro que lemos e nos dissociamos completamente da realidade. Quando conduzimos o nosso automóvel e, absortos em pensamentos, chegamos ao nosso destino sem nos recordarmos do caminho que fizemos. Esquecemo-nos do que nos rodeia, deixamos de sentir o corpo, numa palavra, entramos num estado dissociado de atenção.
É o que se passa quando usamos a hipnose em terapia. Com uma voz calma e tranquila, conduzimos uma pessoa através de um relaxamento progressivo do corpo, convidando-a a esquecer os seus problemas, e levando-a a experimentar um estado de bem estar e de segurança muito grande. O foco de atenção vira-se para o interior, distanciando-se do exterior. Durante este processo a mente racional e analítica “sai de cena” e a pessoa fica mais receptiva e sugestionável às sugestões que são dadas pelo hipnoterapeuta. No entanto, nunca perde o controlo do que diz ou faz. Está sempre desperta e lembra-se de tudo o que se passa durante a sessão.
Ao passar por esta experiência, a pessoa pode (e deve) aprender a percorrer este caminho sozinha. Através da Auto Hipnose, um exercício simples, a pessoa pode entrar neste estado de relaxamento e concentração para trabalhar as suas auto sugestões.
De que forma é que a hipnose é benéfica para a nossa saúde e bem estar?
Só o facto de relaxar é altamente benéfico. Quanta vezes relaxamos durante o dia?
O facto de nos permitirmos “esquecer” durante uns minutos tudo o que nos perturba, entrando num estado de calma e harmonia interior, traz-nos a sensação de umas pequenas férias. Distanciamo-nos do que nos desgasta e recuperamos a energia e a paz interior.
Rosário Vilardebó